Thursday, November 06, 2008

Garoto pródigo

Penso que vêem algo em mim.
Algo que desconhecia,
E ainda assim me levava pela mão nos caminhos.
Desde que nasci, presumo,
E às vezes repousa nos meus olhos,
Saindo para dançar nos dias de sol,
A partir do meu sorriso.
Nos dias de chuva ela sai às vezes,
Com o intuito de debochar do tempo ruim,
Dos meus amigos, dos passantes na rua.
Ela se amarra nos meus tendões dos calcanhares
E lança linhas de aço transparentes aos meus punhos,
Ombros, cotovelos e joelhos,
Ensaiando novos movimentos de natureza um pouco vulgar,
Não por suas características intrínsecas,
Mas pelo ambiente em que se apresentam,
As ruas.
Sequer se recorda que existem outras como ela,
Jamais repara que é única a estar assim atada,
Caminhando comigo indolente sobre as outras,
Enquanto a convidam num coro mudo e persistente
A separar-se de mim.
De mim, que dela não cuido,
E não ouso dizer seu nome.